A CAL DO TEMPO
Frederico Spencer
Não tenho a cal
que tinge esse tempo
nem o ouro
que abre teu olho
e fecha tua mão. Ainda
não entendo
a mó, que moe essas gentes
transformando em pó
o suor de suas mãos
de tanta caliça e barro
se perderam
moto contínuo, de transformação
sem saber esta dança
dos mercados, dos nossos corações.
Trago de outros tempos
ilhas e jangadas, sonhando
oceanos, que tocam meus pés.
De cal, ouro e pó
tingimos esse tempo numa tela
de um computador.