Literatura e Tecnologia da Informação

11/08/2015 11:07

Frederico Spencer

 

Três livros que tratavam sobre a tecnologia da informação mexeram com o mercado editorial na época dos seus lançamentos: Admirável Mundo Novo de Aldoux Huxley (1931), 1984 de George Orwell (1949) e A Terceira Onda de Alvin Toffler (1980). Esses três livros tratam sobre as questões do uso da tecnologia da informação, como forma de manipulação política e/ou pressão econômica, exercidas por governos totalitários ou por fortes grupos econômicos, como meio de perpetuação de poder.

O livro Admirável Mundo Novo, romance ambientado na Londres do ano de 2540 DC, trata sobre questões que se tornaram contemporâneas do século 20: tecnologia da reprodução; manipulação psicológica e condicionamento operante - procedimento através do qual é modelada uma resposta no organismo através do reforço (qualquer semelhança com os tempos atuais é mera especulação).

No livro 1984, George Orwell narra o romance ambientado num lugarejo chamado Oceania, onde a vida das pessoas era vigiada 24 horas pelo grande irmão, que traz a história de amor vivida por Winston Smith, amor este proibido pelas normas do Partido por pertencerem a castas diferentes. Winston trabalha no Ministério da Verdade e tem como função reescrever antigos artigos publicados nos jornais, manipulando seus conteúdos em prol do Partido. Ele é um trabalhador dedicado e eficiente, mas sonha e trama secretamente como se rebelar contra o Big-Brother (olha a globo ai, gente).

Alvin Toffler publicou em 1980 o livro A Terceira Onda. Trata-se de um ensaio que mostra como deveria ser a sociedade pós-moderna do século 21. Livro visionário que narra as etapas da evolução econômica do homem moderno, sendo a primeira agrícola, a segunda industrial e a terceira denominada como a era da informação, onde mente, informação e alta tecnologia são os tipos de capitais essenciais para o sucesso das corporações num mundo de alta competitividade.

Tais publicações mostram que a preocupação com a tecnologia da informação e a manipulação destas por grupos, sejam econômicos ou políticos, já se faziam presentes nas mentes de escritores visionários que anteviam a possibilidade de construção de sociedades, onde os homens seriam vítimas de governos totalitários, onde a liberdade de expressão estaria suprimida em prol de ideologias de pequenos grupos.

Atualmente vemos, minuto a minuto, as revoluções propulsionadas pelas inovações na área da tecnologia da informação. A rapidez da internet nos traz um mundo de informações instantâneas, que a cada instante se multiplica no clicar do mouse.

Esta multiplicidade transforma os conceitos que temos da realidade rapidamente, transformando o mundo e os relacionamentos em produtos descartáveis. Nada perdura às inúmeras possibilidades que temos em frente às telas dos computadores. Freneticamente nos tornamos frágeis perante a rapidez das demandas do mundo moderno.

A literatura, neste momento, deve desempenhar um papel de mediador entre permanência e dissolvência da humanidade do homem moderno; seja por um papel mais ativo daqueles que fazem literatura, indo em busca de adequação de suas obras para um mercado virtual, nervoso e altamente competitivo; seja por um encontro com o novo leitor, viciado pela tela do computador.