Inexato tempo em que subexistimos rumo a essência d'um fim que em si recomeça. Inexatos são todos os instantes de todos os caminhos rumo à extinção do que talvez jamais tenha existido verdadeiramente. Seus poemas são muito bons, nos fazem pensar. Um abraço. poeta.
Poema da Semana
ANOTAÇÕES
25/10/2015 12:34
Frederico Spencer
Deflagro-me sem poesia
pela azia do tempo
que se forjou. A palavra
em fuga se despe em silêncio
(suas vestes queimam em fogo brando).
De cal o homem caia o cio. Disfarçando:
o que zela para o amanhã.
Herdo a poesia deflagrada desse tempo
com o branco da paz que o mundo...
POR VINTE CENTAVOS
17/10/2015 10:34
Frederico Spencer
Por vinte centavos
não venderia um poema
nem um livro. Uma linha
sequer amealharia essa quantia.
Por vinte centavos
enfrentaria os canhões
e suas balas de borracha, ainda bem
que vinte...
DOIS POEMAS DE FERREIRA GULLAR
10/10/2015 12:59
OFF PRICE
Ferreira Gullar
Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de...
POEMA DA VIDA
07/10/2015 10:56
Frederico Spencer
I
Não te queria assim:
tatuada te trago no braço
do tempo prisioneiro:
o teu compasso me fere
o relógio marca meu tempo ligeiro.
Em tuas águas
minhas estradas me fazem a ferro
não te consigo...
A CAL DO TEMPO
30/09/2015 11:06
Frederico Spencer
Não tenho a cal
que tinge esse tempo
nem o ouro
que abre teu olho
e fecha tua mão. Ainda
não entendo
a mó, que moe essas gentes
transformando em pó
o suor de suas mãos
de tanta caliça...
NOITE TURCA
22/09/2015 14:47
Frederico Spencer
Anoiteceu em Istambul
cai a noite e um homem
freme na praça, o povo
e suas...
A LAMBEDEIRA
16/09/2015 14:37
Frederico Spencer
Há dentes nesta língua
de aço, terra do sertão
de sóis, que para cada um sobrou:
este pouco quinhão – deserto de lâminas
nesta vastidão
de nada, sobre a terra rachada:
a lama das carcaças dos bichos
e das plantas, cinzas
fotogramas de pessoas embaçadas
ao vento clamando...
CANTIGA AO CAPIBARIBE
14/09/2015 14:25
Frederico Spencer
Sonhou-se um dia
sobre tua pele, n(aves)...
O SILÊNCIO DAS VIDEIRAS
02/09/2015 11:01
Frederico Spencer
De repente é o silêncio, como um bálsamo:
alivia a dor, de uma alegria:
os cantos da casa vazios, semimortos
e lá fora a natu(reza) chora a tristeza:
- na mesa o sangue das videiras, com gelo
o silêncio e o corte, da faca
ressus(cita) o desejo
ainda sangra, a tua...
SOBRE CRIANÇAS E MUNDOS
22/08/2015 08:04
Frederico Spencer
Neste mundo
velho, há crianças
sobre um piso em chamas,
no velho mundo
sempre uma criança brinca
sobre as cabeças verdes
dos donos do mundo:
uma nova chama de cogumelo
no horizonte espreita
girassóis e crianças brincam.