Inexato tempo em que subexistimos rumo a essência d'um fim que em si recomeça. Inexatos são todos os instantes de todos os caminhos rumo à extinção do que talvez jamais tenha existido verdadeiramente. Seus poemas são muito bons, nos fazem pensar. Um abraço. poeta.
Poema da Semana
NOTURNO
12/08/2015 09:11
Frederico Spencer
Talvez dessa noite
herde o poema que espreitou o dia.
Nesta noite
que me mantenho oblíquo: farol,
deste mar de horas e solidão
assisto o vai e vem de...
POEMA ESCRITURÁRIO
10/08/2015 11:15
Frederico Spencer
Saindo da tarde, o elevador
abre a noite na folha
o poema desertado do dia:
na pena escriturária,
a paixão e a fantasia.
A noite liberta, no fim da tarde
possibilidades até o amanhecer:
o novo dia se fecha no elevador
no décimo andar a contabilidade
desses dias.
A AMARGURA
27/07/2015 08:04
Frederico Spencer
Encontrei a amargura
no homem liso, no letrado
o seu ranço triste
devorando vísceras
na mesa de jantar, corações
ofertados, numa bandeja
músculos trêmulos
enquanto avança o dia
bebericam a última gota
de sangue.
Encontrei a amargura e ela
nos encontrou, rondando
os jazigos...
POEMA EMPREENDEDOR
15/07/2015 15:22
Frederico Spencer
Durante os anos
contemplei a poesia, seus versos
construi da argamassa dos dias maus
ou bem vividos.
Dessa história me fiz poeta
hoje, para transformá-la
em realidade, fugindo dos sonhos
nos escritórios dos homens protocolares
penamos nesses dias
de ofício regimental
dos...
CONDIÇÃO POÉTICA
06/07/2015 11:05
Frederico Spencer
Enquanto a menta
refresca o hálito das palavras
e uma mão escorrega em sua pele
uma bomba grávida
adoça o poema
no prato, na hora do almoço
falta o arroz na Tailândia
e um teto no Haiti
para uma criança
e o medo
na próxima esquina
te aguarda na página virada
na vida...
UMA CANÇÃO DE NINAR PERDIDA
06/07/2015 11:02
Frederico Spencer
Calma, poeta
que o dia virá
no tilintar da louça
na manhã, o café e o pão
que mereças. Talvez
o prêmio da loteria, nem
a encomenda esperada, virá
pelos correios, esta manhã prometida
onde um verso desabrochará
no teu poema para salvar
tua vida, calma, poeta
descansa e dorme...
SIMPLESMENTE AGORA
11/06/2015 11:31
Frederico Spencer
Esse instante
só e nu
a existência pousa
qual a mosca no pão doce
no frio do balcão
entrega-se, entre os olhos
despercebida
acaricia com sua língua
doce, constrói o sabor da manhã
o cheiro do café
a menta da tarde, gelada
a noite desce crua
o verde do amanhã.
NESTE INSTANTE
08/06/2015 08:04
Frederico Spencer
Não quero
a morte, basta
a vida
de morrer devagar:
diluindo-se
no oxigênio pelo nariz
a célula
se entrega
e murcha
no sumo
do cálice que achei
ser eu, não sou
exato, neste instante
o tempo se extingue
levemente, me consome.
INTERVIAS
13/05/2015 16:21
Frederico Spencer
“Ora (direis) ouvir estrelas!”
Por certo! Ser de onde se aninha o poema
deita nas noites sua semente
distante e quente, amanhece
taciturno em minhas mãos.
“E eu vos direi, no entanto”
que na pauta do dia
escondidos, dialogamos
neste espaço de aço e gente
no caderno, ou da...
ÁGUAS
01/05/2015 08:19
Frederico Spencer
Para tuas planícies
desemboco
- esses rios que cabem em minhas mãos
e ao te encontrar, no amanhecer
maré cheia
- habitar no teu silêncio. Descanso
após esse longo caminho
- na areia fina de tua pele
deitar e esperar tua língua
espuma, de vento e sal
se despedaçando no...